terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A importância da Ética Profissional para o Direito e para a Sociedade

 


É de fundamental importância o estudo da Ética para a formação do profissional de Direito. Tal fato não se extingue apenas no cumprimento das exigências do Exame de Ordem, mas sim, desde a sua entrada na universidade até o final da sua carreira. Tratando especificamente do advogado e suas atividades advocatícias, sobre as quais estão sujeitas às sanções disciplinares constante do Estatuto do Advogado e do Código de Ética do Advogado, é inegável que a sua conduta profissional não cesse com a obrigação de cumprir o Regulamento, mas também, que a sua conduta pessoal seja coerente com a conduta profissional.

Ética, Moral e Direito muitas vezes se confundem. São áreas de conhecimento que se distinguem e têm grandes vínculos e até mesmo sobreposições. Tanto a Moral quanto o Direito se baseiam em regras que estabelecem as ações humanas. A Moral estabelece regras que independe das fronteiras geográficas. Já o Direito estabelece o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado.

Ética vem do grego ethos, que etimologicamente significa caráter, conduta, ligada mais à consciência individual do que às atitudes pessoais que refletem na coletividade. Ética, busca distinguir o bem do mal, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado, no sentido de orientar as ações humanas para o lado da verdade. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para o regramento proposto pela Moral e pelo Direito.

Atualmente observa-se um desvirtuamento de conduta que reflete nas mais variadas formas de comportamento, materializando-se na perda de valores morais, onde a Ética é imprescindível. Independente da necessidade de reformular os conceitos que norteiam o comportamento humano, a Ética aparece como vetor de equilíbrio entre o ser humano e a sua consciência, para apoiá-lo e direcioná-lo em suas ações, com as quais a sociedade alicerça seu fortalecimento.

Um funcionário que desempenha o papel de assistente administrativo em uma empresa durante o dia, e à noite estuda em uma faculdade, pode ficar pensando no seu futuro profissional e deixar de cumprir com os seus compromissos atuais. Quando a pessoa se responsabiliza pelo desenvolvimento de um trabalho pertinente à sua função, não pode relegá-lo ou procrastiná-lo para se colocar em uma profissão melhor no futuro supostamente garantido pelo diploma de bacharel que ainda não conquistou.

A Ética faz parte da vida e está presente em todas as situações. Agir com proatividade, coleguismo, responsabilidade e cooperação no trabalho em equipe, principalmente executando as tarefas que propôs realizar no ato da contração, mesmo quando estiver longe dos olhos do supervisor, é ser congruente com a sua consciência. É preciso estar ciente de que pertence a um sistema maior o qual depende do seu desempenho, e de uma classe profissional pertinente ao trabalho que desenvolve, onde há regras e deveres a cumprir. Agindo dessa maneira, significa que está exercitando desde cedo a Ética profissional, procurando se transformar em um ser melhor a cada dia, independente da atividade profissional que exerce hoje.

Na área jurídica, a Ética desempenha um papel de imensurável valor, tanto que se fez necessário a edição de normas para nortear o exercício das atividades dos operadores jurídicos, dado o prestígio que tem o advogado perante a sociedade. Para que estas existam, o homem, enquanto cidadão deveria conscientizar-se que a garantia de acesso aos seus direitos é, sem dúvida, não excluir-se de seus deveres.

A Ética Jurídica expressa a sua extrema relevância para o exercício profissional da advocacia, onde o advogado irá deparar com diversas situações que exigirão dele, além de capacidade técnica, um mínimo de formação moral capaz de orientá-lo no sentido da justiça. A Ética Jurídica é, portanto, formulada a partir da prática profissional.

Para reforçar o conceito de Ética, é necessário ressaltar que a Dentologia é a disciplina de Filosofia do Direito que versa sobre deveres, direitos e prerrogativas dos operadores do Direito, bem como seus fundamentos éticos. Deontologia vem do grego deontos, que significa dever e logos, que significa tratado. Essa expressão foi utilizada pela primeira vez pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, que em sua obra Deonthologie or Science of Morality, atribui o conceito de ciência dos deveres do homem em geral, cidadão ou profissional.

Em relação ao estudante do direito, Ética, como já foi mencionado no início desse artigo, deveria ser uma disciplina obrigatória a ser tratada no ingresso à faculdade até o final do curso de formação de Direito. Assim, ano após ano o estudante acumularia os princípios que nortearão seu futuro, para que se transforme em um profissional que saiba tratar dos deveres morais de quem lhe diz respeito.

A base formadora de idéias que fortalecem a honestidade e a conduta esmerada do profissional começa nos meios acadêmicos. O estudante de direito que depreda as instalações da sua universidade, que não respeita professores, colegas e funcionários, que em vez de visitar a biblioteca da escola prefere reunir-se com os amigos no barzinho da esquina, deve repensar sobre seu futuro na seara do direito. Com isso não há de abrir mão do direito ao lazer, o qual é imprescindível constar do quadro de suas escolhas, porém, não menos importante é manter o foco na sua proposta profissional de se transformar em um advogado. Para tal, deveria espelhar-se em exemplos de conduta profissional e empenhar-se para o aprimoramento e enriquecimento de seus conhecimentos jurídicos.

Para construir o alicerce de sua formação técnica e moral mais sólido, o estudante de direito deve atentar-se para esses aspectos, com os quais construirá uma carreira sólida e promissora, tornando-se, futuramente, um espelho para a nova geração que adentra às universidades todos os anos.

Em relação ao advogado, a lei é clara. Instituída pela Constituição Federal em seu artigo 133, reza que o advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Está claro que o profissional da advocacia tem um elevado grau de compromisso com a sociedade, prestando-se à justiça gratuita e a defender o indivíduo isentando-se de opinião própria sobre o caso e fundamentando-se sempre na justiça e na verdade.

Para regulamentar a atividade da advocacia, os deveres do advogado foram editados no Código de Ética e Disciplina, alicerçados nos princípios formadores da consciência dos operadores do direito que refletem nos imperativos de sua conduta, com o seguinte texto: lutar sem receio pelo primado da justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à lei; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa fé em suas relações profissionais; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio; comportar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica; exercer a advocacia com senso profissional, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho; agir, em suma, com a dignidade das pessoas de bem e com a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe, resultando, portanto, em uma maneira íntegra de agir.

Desta forma, é evidente que a Ética não é apenas um conceito que elicia princípios éticos, mas principalmente, se transforma em uma das maiores armas que o advogado pode ter para a proteção e guia de uma brilhante e digna carreira, cujo sentimento ético passa a ser indissociável do seu exercício da advocacia. Ao respeitar o Código de Ética, o advogado incute uma nova consciência e uma nova percepção sobre a sua conduta, a qual deveria ser praticada enquanto cidadão, para não ser mais conduzida pelo receio das penalidades e sanções previstas no Código. Seria simplesmente um dever de ajudar na evolução da sociedade em que vive, por esta lhe conferir o mais alto prestígio que faz da advocacia uma das mais respeitadas profissões do país.

 

Em suma, se o sentimento ético é indissociável do exercício da advocacia, é imponderável que a Ética e o Direito também estejam em perfeita harmonia para encontrar a pacificação social, onde o cidadão, de forma geral, também deveria prestar a sua contribuição pelo simples fato de estar inserido nesta mesma sociedade. Desse modo, se cada um fizer, isoladamente, a sua lição de casa, estará contribuindo para a construção de uma sociedade mais democrática e ética. Nesse diapasão, o profissional do Direito que atua segundo os preceitos éticos e pauta a sua vida pessoal coerente com a sua profissão, estará também cumprindo seu papel com dignidade, honestidade e presteza, que à luz da justiça social se põe em evidência.


 


 

Fabiana Campos/advogada